segunda-feira, 22 de março de 2010

Sobre a falsa polarização entre a técnica, a humanidade e a cultura

Walter Benjamin, Max Horkheimer, T. W. Adorno, Herbert Marcuse e Norbert Elias são críticos de uma polarização entre o domínio da técnica e as esferas propriamente humanas e culturais. Não é possível que se considere a técnica enquanto processo civilizatório separado do que é o humano. De pouco adianta a crítica ao avanço tecnológico em nome da Humanidade em si mesma. Este debate posiciona a civilização contra a cultura valorizando a vida humana enquanto tal . Benjamin (Crítica do poder, Crítica da violência) discute sobre a crescente sacralização da vida no mundo contemporâneo que coincide com o seu processo de banalização. Se o avanço científico e tecnológico permite a politização da biologia, da tecnociência e da tecnologia e se a vida tornou-se uma questão política, afirma Laymert Santos (2008), a política tornou-se uma questão vital. A superação do conceito tradicional de cultura é necessária, como considerou Simondon (2008):
A cultura se constituiu como sistema de defesa contra as técnicas; ora, essa defesa se apresenta como uma defesa do homem, supondo que os objetos técnicos não contêm realidade humana. Nosso intuito foi mostrar que a cultura ignora, na realidade técnica, uma realidade humana e que, para desempenhar plenamente seu papel, a cultura deve incorporar os seres técnicos enquanto conhecimento e valor (p.169).
Neste sentido, é preciso fazer a leitura crítica dos intérpretes das relações entre tecnologia e cultura, superando abordagens dicotômicas e maniqueístas, para que se possa pensar a tecnologia como expressão da cultura que, antes de se opor à tecnologia deve ampliar o seu conceito para que esta, a cultura, mantenha ainda a sua vocação emancipatória. Como afirma ainda Simondon (Cultura e técnica, 2008), a oposição entre a cultura e a técnica, entre o homem e a máquina, é falsa e sem fundamento: ela esconde apenas ignorância ou ressentimento

TEXTO ENVIAD POR: Profa. Dra. Sueli Soares dos Santos Batista; professora pesquisadora da FATEC JUNDAÍ, pós-doutoranda da UNICAMP

Unicamp impulsiona criptografia quântica

Velocidade de processamento maior do que o mais avançado computador atual - exponencialmente maior. Esta é uma das vantagens que se espera de uma arquitetura computacional baseada nos conceitos da física quântica.
A pesquisa, desenvolvida pelo Professor Walter Carnielli e por seu orientando de doutorado, o colombiano Juan Carlos Agudelo, dá pistas para o avanço da informática quântica ao utilizar a lógica paraconsistente como fundamento para a elaboração de algoritmos voltados a esse modelo.
A computação quântica é fundamentada em conceitos criados pela física quântica, como o da superposição (quando uma partícula está em condições contraditórias simultaneamente) e do entrelaçamento (quando a alteração em uma partícula provoca o mesmo efeito em outra que se encontra distante).
Segundo Carnielli, a mera expectativa da computação quântica já tem aquecido o mercado de software, ressalta o professor da Unicamp. Universidades já começam a esboçar programas quânticos e empresas já anunciam sistemas de criptografia nesse novo paradigma.
"Os sistemas de criptografia atuais se baseiam em um código formado por um número grande que, para ser quebrado, deve ser decomposto em números primos", explicou. Quanto maior forem esses fatores primos, mais difícil será a descoberta do código.
No entanto, com o advento do modelo de processamento quântico essa criptografia tradicional será atacada com muita facilidade, estima Carnielli. "O esquema criptográfico conhecido como RSA, largamente utilizado no comércio digital, em bancos e compras com cartões de crédito pela internet, baseia-se no fato de que é computacionalmente muito difícil conseguir fatorar um número grande no produto de dois números primos".
"O tempo estimado, por exemplo, para se conseguir fatorar um número de 2048 bits (chave de uma criptografia RSA) ultrapassaria a idade da Terra. Um algoritmo quântico, no entanto, realizaria essa tarefa em menos de 6 horas. Dessa forma, com os computadores quânticos as chaves RSA perderiam completamente sua eficácia.
Esse problema motivou a criação da criptografia quântica. Nessa tendência, crescem os investimentos feitos em pesquisas de criptografia quântica a fim de fazer frente aos futuros computadores e apresentar um sistema de codificação praticamente inexpugnável".

Sistema imunológico e vacina contra bugs para computadores

Um grupo de pesquisadores suíços desenvolveu um novo programa que faz com que as redes de computadores atuem em conjunto de modo a evitar bugs em programas.
Bugs são os erros internos dos programas, que os fazem funcionar incorretamente ou mesmo travar o computador.
Denominada Dimmunix, a ferramenta atua como se fosse uma vacina, aumentando a imunidade dos computadores e evitando futuras falhas.
Criado por pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne, o sistema atua automaticamente, dispensando o monitoramento por parte de operadores de redes.
A abordagem se baseia no conceito de falha de imunidade. Na primeira vez que um bug ocorre em um software ou sistema operacional, o Dimmunix salva uma assinatura digital da falha e, em seguida, observa como o computador reage ao problema.
Quando o bug está para ocorrer novamente, a ferramenta o identifica em seus registros e automaticamente altera sua execução, de modo que o programa continue a funcionar normalmente.
Com o Dimmunix, segundo seus criadores, os programas de navegação na internet (web browsers), por exemplo, "aprendem" a evitar o congelamento verificado na primeira vez que ocorreu um bug associado a um plug-in (programa associado e que aumenta as capacidades do navegador).
A nova ferramenta também emprega tecnologia de computação em nuvem (cloud computing) para imunizar redes inteiras. Quando uma falha ocorre em uma determinada estação de trabalho, o Dimmunix produz "vacinas" que se espalham por toda uma rede, protegendo suas estações de futuros problemas semelhantes.
Comparado ao sistema imunológico humano, que uma vez infectado, seu sistema imunológico desenvolve anticorpos. Posteriormente, ao deparar com o mesmo patógeno, o corpo o reconhece e sabe como combater eficientemente o problema.
O Dimmunix está disponível para download gratuito para programadores e interessados. Sua eficácia, segundo seus autores, foi demonstrada em programas escritos em linguagens Java e C/C++ e em sistemas em JBoss, MySQL, ActiveMQ, Apache, HTTPd, JDBC, Java JDK e Limewire.
Mais informações podem ser obtidas no endereço http://dimmunix.epfl.ch.

Telefone celular para localizar vítimas soterradas

Engenheiros alemães descobriram um novo uso para o telefone celular: localizar pessoas soterradas por avalanches de neve, deslizamentos ou em escombros de construções.
Embora já tenham ocorrido inúmeros casos de resgastes feitos graças a uma chamada que os acidentados fizeram utilizando o próprio celular, a tecnologia agora desenvolvida permite localizar pessoas desacordadas, que não são capazes ou que as condições não permitam o uso do telefone.
A localização da vítima começa com a medição da intensidade do sinal transmitido pelo celular, que é tomado por amostragem em cinco pontos.
O sistema usa então um algoritmo de cálculo de alta precisão para localizar a fonte do sinal, indicando a localização da vítima soterrada com uma margem de erro muito pequena.
A posição relativa da vítima em relação à posição da equipe de salvamento é mais importante do que a posição absoluta em relação às coordenadas globais, que podem estar sujeitas a imprecisões de medição típicas do sistema GPS ou Galileo (o sistema de GPS europeu).
O sistema foi projetado para produzir esse tipo de coordenada, dando à equipe de resgate a informação imediata e precisa sobre a direção a seguir e a distância em que a vítima pode ser encontrada.

Domótica: a automação doméstica

A maioria das propostas de casas e edifícios inteligentes pressupõe a existência de capacidades embutidas nos aparelhos domésticos - da TV e da geladeira até os sistemas de aquecimento, iluminação e ar condicionado - que os tornem capazes de se comunicar uns com os outros, de preferência por meio de redes sem fio.
Essa interconexão permitirá uma operação em conjunto que aumente o conforto e o bem-estar dos moradores e, sobretudo, economize energia ao máximo.
Mas como aparelhos diferentes, utilizando diferentes tecnologias, fabricados por empresas diferentes, em momentos diferentes, poderiam comunicar-se uns com os outros?
Uma forma seria a de insistir em que todos os dispositivos sejam fabricados em conformidade com algum padrão acordado, nacional ou internacionalmente. Mas isso seria complexo e demorado demais, além de se aplicar somente aos aparelhos novos.
Isso também poderia sufocar a inovação tecnológica, ao impor restrições sobre tecnologias do futuro, que ainda não foram sequer imaginadas.
Isto começa a se tornar possível, graças ao trabalho de um consórcio de empresas e instituições de pesquisas da Europa.
Eles construíram uma camada intermediária de software e hardware - um middleware - que permite que sensores e equipamentos de diversos fabricantes troquem dados e funcionem de forma cooperativa.
Os pesquisadores do projeto Hydra, pretendem desenvolver uma camada de middleware, orientada para o serviço a ser prestado, e que possa ser utilizada de forma flexível pelos fabricantes.
Com a camada Hydra, todos os tipos de aparelhos, incluindo os medidores de eletricidade, água ou gás, e não apenas os aparelhos de uso interno da casa inteligente, poderão ser interconectados sem que se necessite saber o que acontece dentro deles.
Em princípio, qualquer dispositivo Hydra pode se conectar a qualquer outro, trazendo tão propalada "internet das coisas" um pouco mais próximo da realidade.
"Isso vai ajudar os fabricantes, desenvolvedores de software e integradores de sistemas a construir aparelhos e equipamentos que possam ser ligados em rede com facilidade e flexibilidade através de serviços web, criando soluções de alto desempenho e com ótimas relações entre custo e eficiência," explica Markus Eisenhauer, gerente do projeto.
A tecnologia não facilitará apenas o uso e controle dos aparelhos, mas também sua manutenção e assistência técnica. Colocando sensores dentro dos seus produtos, como máquinas de lavar ou qualquer outro eletrodoméstico, os fabricantes poderão acessá-los e diagnosticar os problemas remotamente, sem precisar de fazer uma visita ao local.

Teletandem: o ensino recíproco de idiomas. - Aprender idiomas à distância

Um grupo coordenado pelo professor João Alves Telles, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), associou o sistema in-tandem com tecnologias digitais para ensino a distância, ampliando o alcance e as possibilidades de se aprender um novo idioma.
Explicando melhor: uma pessoa é fluente em inglês, outra em português. As duas decidem se encontrar semanalmente para conversar e trocar informações utilizando alternadamente cada língua.
Essa interação e o desejo mútuo de aprender a língua alheia promovem a aquisição de um idioma estrangeiro por meio de um contexto de aprendizagem conhecido por in-tandem.
Iniciado em maio de 2007, o projeto Teletandem envolve brasileiros, selecionados entre alunos da Unesp, e estrangeiros interessados em aprender português. Para isso, a instituição paulista contatou departamentos de língua portuguesa de universidades de diversos países.
Participaram da pesquisa instituições da Alemanha, Argentina, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, México, Uruguai e Suécia, compreendendo nativos ou fluentes em cinco idiomas: alemão, espanhol, francês, inglês e italiano. "Uma grande dificuldade que encontramos é que muitos departamentos de português no exterior enfocam a literatura e não se interessaram no aprendizado da língua", disse Telles.
Os alunos interagiram por meio do software de comunicação Skype associado ao programa TalkAndWrite, desenvolvido no Brasil pela empresa catarinense Midi.
O Skype provê a comunicação por voz e faz a transmissão da imagem dos participantes por meio de webcams. O aplicativo de anotações TalkAndWrite disponibiliza um quadro virtual interativo no qual ambos os participantes podem escrever, desenhar e editar as intervenções do parceiro.
No Teletandem, a figura do professor não desaparece. Ele acompanha todo o processo, mediando a aprendizagem por meio de reuniões realizadas a cada três semanas com as duplas. Os encontros podem ser presenciais ou virtuais.
Outra diferença do tandem é que o currículo emerge das relações e interações entre os pares e só depois é levado ao professor. No ensino tradicional, o programa segue o caminho inverso: é predeterminado pelo docente e aplicado posteriormente em sala de aula.

Hackers vs crackers

À palavra hacker, associa-se a imagem de um adolescente problemático, passando horas à frente de um monitor de computador, teclando com a destreza de um funcionário de cartório e sempre tentando quebrar algum sistema de segurança.
Mas este é apenas um dos lados da história: esses são os chamados hackers do "lado escuro" da Força.
Existem também os hackers que estão do "lado da luz", tão hábeis em computadores quanto seus colegas mais revoltados, mas que se divertem em compreender os meandros da informática em busca de novos aprendizados.
A rigor, hacker é um termo que nasceu para designar esse pessoal do bem, enquanto o termo cracker designaria a turma do lado escuro.
Mas o mau uso dos termos pela imprensa já fez o seu trabalho de desinformação, e agora é virtualmente impossível alterar o significado das palavras já incorporado pela população.
Essa ambiguidade resulta em confusão sobre o que os hackers fazem e o que os motiva.
Na tentativa de esconder os próprios erros, a imprensa geralmente aponta os filmes como os grandes culpados pela criação dessa visão negativa dos hackers.
O preconceito pode ainda reduzir os níveis de alfabetização científica e aprendizado da informática, impondo limites muito estreitos para os níveis de conhecimento que as próprias pessoas se imporão sob o risco de serem vistas como profissionais bisbilhoteiros, "perigosos" e até "do mal".

O Sol em 3D ao vivo no celular

Programadores apoiados pela NASA criaram um aplicativo para o celular da Apple
Os usuários podem navegar ao redor da estrela, dar um zoom em regiões de maior atividade e monitorar a atividade solar, que tem grande impacto sobre as telecomunicações e sobre o clima na Terra.
"Isto é muito mais do que legal", diz Dick Fisher, diretor da Divisão de Heliofísica da Nasa. "É transformador. Pela primeira vez podemos monitorar o Sol como uma esfera tridimensional viva e pulsante."
As imagens em tempo real usadas para construir a esfera tridimensional são transmitidas à Terra pela sondas STEREO (Solar-Terrestrial Relations Observatory), um par de naves espaciais que, juntas, têm uma visão de 87% da superfície solar.
A STEREO-A está estacionada sobre o lado ocidental do Sol, enquanto a STEREO-B está estacionada sobre o leste. Juntas, elas raramente perdem qualquer acontecimento na superfície da estrela.
Além de observarem atentamente o Sol, as duas sondas deverão testar a teoria de que a Lua teria-se originado do choque da Terra com um planeta do Sistema Solar já extinto, chamado Theia.
"Usando esse aplicativo, é possível girar o Sol, dar um zoom sobre as manchas solares, inspecionar os buracos coronais e, quando uma labareda solar entrar em erupção, o telefone tem um pequeno jingle para alertar o usuário. Na verdade, muitos usuários afirmam que os alertas são a parte favorita do aplicativo.

Os pixels voadores na geração de imagens 3D

Sem os óculos, as telas especiais, o ângulo de visão e tudo o mais que vem fazendo o sucesso dos filmes 3D, o novo conceito de projeção tridimensional foi levado ao extremo, por pesquisadores do MIT, nos Estados Unidos, que decidiram construir pixels voadores: cada pixel da imagem flutua de fato no ar, criando uma imagem verdadeiramente 3D.
Os pixels ainda não podem sair voando para fora da tela do seu computador, mas agora eles já podem sair voando do chão, em um voo coordenado, até formar as imagens no ar, como uma nuvem luminosa.
O projeto FlyFire usa um grande número de micro-helicópteros, do tipo encontrado em lojas de brinquedos, que voam dirigidos por controle remoto. Cada helicóptero contém pequenos LEDs coloridos e funciona como um pixel inteligente.
Controlados centralmente por um computador, os helicópteros são guiados de forma coordenada para executar coreografias elaboradas e sincronizadas, criando uma tela tridimensional no espaço, que pode assumir qualquer formato.
"O Flyfire abre possibilidades emocionantes: como em uma tela convencional, os pixels podem mudar de cor, mas agora eles também podem se mover, criando um rastro de luz transiente no espaço tridimensional," afirma Carnaven Chiu, membro da equipe.
"Ao contrário dos monitores tradicionais, que só podem ser vistos de frente, o Flyfire torna-se uma tela imersiva de exibição tridimensional que pode ser desfrutada de todas as direções," diz ele
Como os micro-helicópteros são bastante grandes, o experimento FlyFire é adequado para grandes ambientes, preferencialmente fechados, para evitar o vento, e onde as distâncias compensem o tamanho avantajado dos pixels. E o melhor efeito é obviamente conseguido no escuro.

IBM usa avalanche de luz para troca de dados.

A Revista Nature publicou que cientistas ligados à IBM anunciaram mais um passo significativo no sentido de substituir os sinais elétricos que trafegam através de fios de cobre entre os chips de computador, por circuitos de silício que se comunicam usando pulsos de luz.
O dispositivo, chamado de célula nanofotônica de avalanche, é o mais rápido de seu tipo e poderá viabilizar avanços em computação que resultarão tanto em maior velocidade dos computadores quanto em um uso mais eficiente da energia.
A célula nanofotônica explora o "efeito avalanche" do germânio, um semicondutor usado na fabricação de processadores de computador.
A denominação de “avalanche” se deve à característica semelhante observada em um pulso de luz que inicialmente libera apenas alguns poucos elétrons, que por sua vez liberam outros, e assim por diante, até que o sinal original seja amplificado várias vezes.
Como o efeito avalanche ocorre dentro de um espaço de apenas algumas dezenas de nanômetros, ele acontece muito rapidamente. A miniaturização significa também que o ruído da multiplicação é suprimido entre 50% a 70% com relação aos fotodetectores anteriores.
O dispositivo da IBM é feito de silício e germânio, o material já largamente utilizado na produção de microprocessadores. Além disso, ele é feito com processos padronizados utilizados na fabricação de chips. Assim, milhares desses dispositivos podem ser construídos lado a lado com os transistores de silício de alta largura de banda dentro do chip de comunicações ópticas.
O fotodetector de efeito avalanche é a mais recente de uma série de realizações rumo ao desenvolvimento de um aparato de ferramentas nanofotônicas, necessárias para construir interconexões por luz dentro do chips e entre os vários chips.